segunda-feira, 29 de julho de 2013

Cultura da Terra (Ricardo Azevedo)

Imagem: Reprodução


O Brasil é um país imenso cheio de gente que viaja para lá e para cá.
Muitas pessoas saem do Nordeste para viver no Pará, Santa Catarina, Tocantins, Rio de Janeiro, Rondônia, Amapá, Goiás e outros lugares.
Famílias inteiras partem da região Sul e vão morar no Ceará, Maranhão, Pernambuco ou Amazonas. Tem gente nascida em São Paulo ou Minas Gerais em quase todos os estados brasileiros.
Muitos paranaenses, baianos, alagoanos, capixabas, sergipanos, cariocas e acreanos fazem a mesma coisa.
Essas pessoas sempre partem com o sonho de construir uma vida melhor. Além de roupas e objetos pessoais, levam na bagagem sua cultura regional, ou seja, suas tradições, seu jeito de falar, as lembranças, as histórias que ouviram na infância, os versinhos e as adivinhas que aprenderam com os avós, as crenças, as brincadeiras e até o modo de preparar as comidas.
É preciso lembrar que boa parte dessas tradições veio de longe, de Portugal, da África, de outros países da Europa e até da Ásia. Mas também veio de perto: das culturas de nossos vários povos indígenas.
No fundo, a chamada cultura popular brasileira é formada por várias e várias culturas regionais (nunca esquecendo que numa mesma região convivem diversas culturas), nascidas, basicamente, a partir de tradições européias, africanas e indígenas, espalhadas e misturadas pelo país afora.
Isso faz com que seja possível ouvir a mesma história no Rio Grande do Norte e no Rio Grande do Sul. Encontrar pessoas preparando um típico prato mineiro em Roraima ou no Piauí. Ou assistir a uma dança gaúcha em pleno Mato Grosso. Ou uma cantoria paraibana nas ruas de São Paulo.
Essa maravilhosa misturança cultural é o Brasil. Por causa dela, nosso país tem a unidade que tem, fala a mesma língua e se entende tão bem.
O livro Cultura da terra foi criado a partir de uma extensa pesquisa bibliográfica. Contou também com a colaboração generosa de pessoas que vivem em diferentes Estados.
A obra foi dividida em contos, adivinhas, monstrengos, quadras e receitas, separados por regiões.
Mas não pretende afirmar que sejam exclusivos das mesmas até porque, considerando tantas culturas, tantas viagens e tantos viajantes, essa exclusividade simplesmente não existe. Nosso livro promete ser, isso sim, uma pequena amostra, um passeio pela paisagem enorme, rica, encantadora, preciosa e instigante da cultura criada, recriada e cultivada pela gente da nossa terra.
"O livro é um lugar de papel e dentro dele existe sempre uma paisagem. O leitor abre o livro, vai lendo, lendo e, quando vê, já está mergulhado na paisagem. Pensando bem, ler é como viajar para outro universo sem sair de casa. Caminhando dentro do livro, o leitor vai conhecer personagens e lugares, participar de aventuras, desvendar segredos, ficar encantado, entrar em contato com opiniões diferentes das suas, sentir medo, acreditar em sonhos, chorar, dar gargalhadas, querer fugir e, às vezes, até sentir vontade de dar um beijinho na princesa. Tudo é mentira. Ao mesmo tempo, tudo é verdade, tanto que após a viagem, que alguns chamam leitura, o leitor, se tiver sorte, pode ficar compreendendo um pouco melhor sua própria vida, as outras pessoas e as coisas do mundo." Ricardo Azevedo

Biografia: Escritor e ilustrador paulista nascido em 1949, é autor de muitos livros para crianças e jovens, entre eles Um homem no sótão (Ática), A casa do meu avô (Ática), Aula de carnaval e outros poemas (Ática), Trezentos parafusos a menos (Moderna), Livro dos pontos de vista (Ática), Armazém do Folclore (Ática), Histórias de bobos, bocós, burraldos e paspalhões (Ática), O livro das palavras (Editora do Brasil), O sábio ao contrário (Editora do Brasil), Contos de enganar a morte (Ática), Chega de saudade (Moderna), Contos de espanto e alumbramento (Scipione), O livro de papel (Editora do Brasil), Ninguém sabe o que é um poema (Ática), Feito bala perdida e outros poemas (Ática), O leão da noite estrelada (Saraiva), Contos e lendas de um vale encantado (Ática), Fazedor de tatuagem (Moderna), O chute que a bola levou (Moderna) e O motoqueiro que virou bicho (Moderna).
Ganhou quatro vezes o prêmio Jabuti com os livros Alguma coisa (FTD), Maria Gomes (Scipione), Dezenove poemas desengonçados (Ática) e A outra enciclopédia canina (Companhia das Letrinhas), o APCA e outros.
Tem livros publicados na Alemanha, Portugal, México, França e Holanda e textos em coletâneas publicados na Costa Rica e no Kuwait.
Bacharel em Comunicação Visual pela Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado e doutor em Letras pela Universidade de São Paulo. Autor da tese Abençoado e danado do samba – O discurso da pessoa, das hierarquias, do contexto, da religiosidade, do senso comum, da oralidade e da folia (Edusp, no prelo). Pesquisador na área de cultura popular. Professor convidado em cursos de especialização em Arte-Educação e Literatura. Tem dado palestras e escrito artigos, publicados em livros e revistas, abordando problemas do uso da literatura de ficção na escola.
Fonte: http://www.ricardoazevedo.com.br/livro/cultura-da-terra/

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